Carlos Sousa de Almeida e Carlos M. Fernandes (organizadores)
Traduções de Carlos Sousa de Almeida



Introdução por Carlos M. Fernandes
Posfácio por Carlos Sousa de Almeida



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A camera obscura torna-se uma fonte de estilo

«Para os Impressionistas, a cor era função de resposta à luz, cujo brilho, tonalidade e densidade dependem do seu comprimento de onda (ou das vibrações do éter, para usar a terminologia da altura). Os Impressionistas aproximavam-se da teoria científica cujo resultado era a cor ser vista já não como intrínseca às coisas, mas mais como uma aparência sujeita às alterações das condições de luz que, além disso, depende particularmente das condições de percepção do observador. Foi precisamente esta teoria da cor como sensação de luz que sensibilizou Bürger-Thoré para as particularidades estéticas de Vermeer: "Em Vermeer, a luz nunca é artificial; ela é precisa e normal como na natureza e, portanto, um físico escrupuloso não poderia desejá-la mais precisa (...)". (...) Sabemos hoje que, na maior parte dos seus quadros, Vermeer usou uma câmara escura de uma forma que não denuncia a utilização deste instrumento; este é detectado apenas pelos contornos desfocados e os pontos de luz, o famoso pointillé. Isto confere aos seus quadros uma qualidade "abstracta", pois não pretendem reproduzir a realidade como ela é, mas mostrar como é vista. Em termos de método de trabalho de Vermeer, isso traduz-se no uso de um meio de reprodução para conseguir a percepção. Poderemos dizer que a câmara escura se torna numa fonte de estilo.» in Norbert Schneider, Vermeer, Obra completa de pintura, 1632-1675, Emoções Veladas 


Vermeer, A Leiteira (pormenor), ca. 1658-60

Para melhor se compreender o assunto, ver Wolfgang Lefèvre (ed.), Inside the Camera Obscura – Optics and Art under the Spell of the Projected Image (PDF).